segunda-feira, 1 de março de 2010

Obranome II

A obra escolhida foi “Nous n’avons pas compris Descartes”, poesia digital de André Vallias. Ao observar a estrutura formal da composição, instantaneamente lembrei-me de uma cauda de avião. Esse meio de transporte é um dos maiores símbolos de velocidade e dinamicidade da sociedade atual, tanto no âmbito do transporte quanto no de intercâmbio cultura, já que foi o principal responsável pelo “encurtamento” das distâncias.

A malha quadriculada, plano cartesiano, e o próprio título evocam a figura de René Descartes, pai do racionalismo, e também de uma sociedade extremamente técnica, industrial, precisa. Porém, vale notar que as linhas da malha quadriculada não são totalmente retas, rígidas, o “tremor” do traçado sugeriria uma mão humana por trás do lápis? E qual o por quê do título “Não entendemos Descartes”? O racionalismo privilegia a razão em lugar da experiência sensível. Mas não seria a experiência a origem das deduções?

Por fim, a malha curvada evoca a curvatura do espaço proposta por Einstein. O físico desenvolveu a teoria da relatividade a partir da dedução. Sua teoria foi lançada em 1905, mas só pode ser confirmada pelas medições do eclipse solar de 1919. Einstein ajudou a construir o patrimônio científico de nossa sociedade através da dedução, da razão, mas nunca negou a porção humana necessária para esse processo: “A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro”. Talvez a mão trêmula da obra seja Einstein unindo razão e sensibilidade, ciência e humanidade.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Eu te amo

Bom como esta joça está às moscas, vou postar DE NOVO, pq minhas queridas cobras são incopetentes e nao fazem nada né?

EU TE AMO

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Chico Buarque

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionáriose a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Oi!!!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Vídeos

Alguns videozinhos legais aqui pra gente, to sem criatividade pra escrever sobre cada um, então vai eles sozinhos pra variar.

01- Experiencia do Zoim (saudade dele)




02- Aprovados no vestibular no Dinâmico
(segundo uma menina que tava fazendo algazarra na sala, a caixinha rendeu 200 reais)




03- Tributo à Johnny Cash - Fodões ao som de God's Gonna Cut you Down (musica e voz do johnny)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Fatos e palavras de fato

Falar sobre meus primeiros contatos com a escrita é um assunto um tanto delicado. Não que isso se deva a experiências traumáticas, o fato é outro: as lembranças simplesmente se perderam no tempo. Imagens quebradas e nebulosas de professoras do primário me vêm à cabeça, mas a lembrança marcante foi o presente de um primeiro livro. Talvez a mais marcante, por isso, antes de falar da escrita, é preciso falar da leitura. Foi com ela que as palavras escritas passaram a ter, para mim, uma infinidade de aplicações e serventias que vão muito além do simples fato da comunicação.

Era meu aniversário. Não sei ao certo quantos anos fazia eu naquele ano. Meu padrinho me deu um livro, o, até então, desconhecido Harry Potter. Meses antes, na livraria, minha mãe havia me mostrado o mesmo título. Obviamente eu não havia me interessado, ainda estava na fase dos livros “com bichinhos de apertar”. Porém, no meu aniversário, com o Harry Potter na mão e meu padrinho em minha frente, me senti na obrigação moral de lê-lo.

Não foi uma missão fácil, lembro, até hoje, que só comecei a entender o primeiro capítulo quando já estava na metade do quinto. Apesar da dificuldade, não desisti. Se meu padrinho perguntasse do livro, passaria vergonha. Continuei firme e, aos poucos, não apenas Hogwarts, mas todo um mundo oculto, constituído de palavras e idéias, foi sendo revelado a mim.

A partir de Harry Potter, me interessei pelos livros e não parei mais de ler. Minha estante só foi ganhando mais e mais exemplares. Como conseqüência, minha redação, meu vocabulário e a coerência do meu pensamento melhoraram muito. No entanto, a paixão pela escrita do caderno nunca superou a paixão pela escrita dos livros.

Até hoje não sei se essa paixão começou a partir do incentivo de parentes, da obrigação moral que senti em ler o “livro-presente”, ou se foi uma mistura de tudo isso. Porém, agradeço, sem saber ao certo a quem ou o quê, por me apresentar esse mundo da escrita.

Isabela Carpaneda Valle

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Por o quê?

-Pega aquele livro ali, por favor?

Por favor, por favor.
Alguém já parou pra pensar,
que fazemos coisas por um tal de favor?
Mas que palavra estranha, "favor", o que significa?
E se no início dos tempos, no português arcaico, a palavra fosse outra?
E se em vez de "favor" fosse "fervor", o que você diria?
Acha absurdo? Mas "você" já foi um dia "vossa mercê"
E aí, você faria alguma coisa por fervor a alguém?